Como tudo começou
No dia 30 de novembro de 1949 é
determinado pelo Governo Federal a instalação de bibliotecas públicas na Cidade
do Rio de Janeiro, e cada biblioteca teria o nome do bairro em que estivesse
localizada.
A Biblioteca de Olaria-Ramos foi
criada pelas resoluções nº02 de 05/01/1945, nº 37 de 17/12/1948 e pela Lei nº
426 de 30/11/1949 e inaugurada a 25 de julho de 1952 com a denominação de
Biblioteca Popular da Penha.
Ela funcionou inicialmente em um prédio situado na Rua Uranos, 1326, onde hoje se encontra o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, em 1965 com a criação do Estado da Guanabara e suas divisões
Em 1968, a Biblioteca se transferiu para a Rua Comandante Coimbra, 60 fundos, e em1972 a Biblioteca voltou a ser transferida novamente para a Rua Uranos, só que agora para o nº 1230, onde se encontra até hoje.
No ano de 1990, o prefeito da Cidade
do Rio de Janeiro decreta que as Bibliotecas Populares do Município passariam a
ter o nome autores consagrados da literatura brasileira, então a Biblioteca
Popular Municipal de Olaria-Ramos recebeu como patrono o escritor João Ribeiro.
No ano de 2011, a Biblioteca
Popular Municipal de Olaria-Ramos, através do Decreto nº 33.444/2011, passou a denominar-se Biblioteca Escolar Municipal
de Olaria-Ramos – João Ribeiro, agora fazendo parte da Secretaria Municipal de
Educação.
NOSSO PATRONO
João Ribeiro (J. Batista R. de
Andrade Fernandes), jornalista, crítico, filólogo, historiador, pintor,
tradutor, nasceu em Laranjeiras, SE, em 24 de junho de 1860, e faleceu no Rio
de Janeiro, RJ, em 13 de abril de 1934.
Órfão de pai muito cedo, foi
residir em casa do avô, Joaquim José Ribeiro, que era um espírito liberal,
admirador de Alexandre Herculano. No inquérito do Momento Literário, de João do
Rio, declarou João Ribeiro atribuir a maior importância, para a formação do seu
espírito a essa fase de sua vida, quando as excelentes coleções de livros do
avô caíram-lhe nas mãos. Além de dedicar-se à leitura, iniciou-se na pintura e
na música. Depois de ter concluído na cidade natal os primeiros estudos,
transferiu-se para o Ateneu de Sergipe, em Aracaju, onde sempre se destacou
como o primeiro da classe. Foi para a Bahia e matriculou-se no primeiro ano da
Faculdade de Medicina de Salvador. Constatando a falta de vocação abandonou o
curso e embarcou para o Rio de Janeiro. Simultaneamente continuava a estudar arquitetura, pintura e
música, os vários ramos da literatura e, sobretudo filologia.
Desde 1881, dedicou-se ao jornalismo
e fez-se amigo dos grandes jornalistas do momento, Quintino Bocaiúva, José do
Patrocínio e Alcindo Guanabara. Ao chegar ao Rio, trazia os originais de uma
coletânea de poesias, os Idílios modernos. Trabalhou, a
princípio, no jornal Época (1887-1888), multiplicando-se por várias seções, sob
diversos pseudônimos: Xico-Late, Y., N., Nereu. Em 1888-89 estava no Correio do
Povo, com o seu "Através da Semana", onde assinava com as suas
iniciais e também com o pseudônimo "Rhizophoro".
Apaixonado pelos assuntos da
filologia e da história, João Ribeiro desde cedo dedicou-se ao magistério.
Professor de colégios particulares desde 1881, em 1887 submeteu-se a concurso
no Colégio Pedro II, para a cadeira de Português, para a qual escreveu a tese
"Morfologia e colocação dos pronomes." Contudo só foi nomeado três
anos depois, para a cadeira de História Universal. Foi também professor da
Escola Dramática do Distrito Federal, cargo em que ainda estava em exercício
quando faleceu. Escrevia então para
A Semana, de Valentim de Magalhães, ao lado de Machado de Assis, Lúcio de
Mendonça e Rodrigo Octavio, entre outros. Ali publicou os artigos que irão
constituir os seus Estudos filológicos (1902).
A partir de 1895 fez inúmeras viagens
à Europa, ora por motivos particulares, ora em missões oficiais. Representou o
Brasil no Congresso de Propriedade Literária, reunido em Dresden, bem como na
Sociedade de Geografia de Londres. Mantinha-se em contato com seus leitores
brasileiros através de colaborações no Jornal do Commercio, no Dia e no
Comércio de São Paulo. A última fase de atividade na imprensa foi no Jornal do
Brasil, desde 1925 até a morte. Ali escreveu crônicas, ensaios e crítica.
Em 1897, ao criar-se a Academia,
estava ausente do Brasil e por isso não foi incluído no quadro dos fundadores.
Em 1898, de volta, ocorreu o falecimento de Luís Guimarães Júnior. A Academia o
escolheu para essa primeira vaga. Foi eleito no dia 8 de agosto de 1898 (por 17
votos), tendo tido como concorrente José Vicente de Azevedo Sobrinho (nenhum
voto), que mais tarde foi diretor de Secretaria da Academia. Foi recebido em 30 de novembro
daquele mesmo ano, por José Veríssimo. Em 22 de dezembro de
1927 a Academia o elegeu presidente. João Ribeiro apresentou,
imediatamente, sua renúncia ao cargo.
Seu sentido estético o fazia inclinado a valorizar os
aspectos técnicos, estruturais e formais da obra literária, embora fosse um
crítico impressionista, com tendência à tolerância e estímulo aos autores,
sobretudo os novos.
Leia o artigo completo em: http://bemolariaramos.blogspot.com.br/2012/02/no-dia-30-de-novembro-de-1949-e.html
BIBLIOGRAFIA:
- Dicionário gramatical (1889);
- Versos (1890);
- Estudos filológicos (1902);
- Páginas de estética, ensaios (1905);
- Frases feitas, filologia (1908);
- Compêndio de história da literatura brasileira, história literária
- (1909);
- O fabordão, filologia (1910);
- Colméia, ensaios (1923);
- Cartas devolvidas (1926);
- Curiosidades verbais, filologia (1927)*;
- Floresta de exemplos, contos (1931);
- Goethe (1932);
- A língua nacional, filologia (1933);
- Crítica (org. Múcio Leão);
- Os modernos (1952);
- Clássicos e românticos brasileiros (1952);
- Poetas, Parnasianismo e Simbolismo (1957);
- Autores de ficção (1959);
- Dois Estudos de Folclore *.
* Livros do patrono que a BEM possui.
MUSEON
II
Helés, a
formosíssima das gregas,
Róseo trecho
de mármor sob escombros
Dum Panteon
que as divindades cegas
Soterraram
depois de tê-lo aos ombros,
Helés, um dia,
sobre a praia chegas ...
Inclinam-se
extensíssimos os combros
E o vento
alarga em frêmitos de assombros
Da túnica do
mar as verdes pregas.
E tu reinas,
tu só! Debalde, vagas
Sobre outras
vagas se atropelam, correm,
Uma por uma,
indiferente esmagas:
Como as
paixões na tua vida ocorrem,
Uma e mais
outra, nas desertas plagas
Chegam e
morrem, e chegam e morrem.
IV
Este vaso quem
fez, por certo fê-lo
Folhas de
acanto e parras imitando.
É de ver-se a asa fosca o setestrelo
De saboroso
cacho alevantando.
Que desejo
viria de sorvê-lo
Os gomos todos
um a um sugando,
Quando,
contam, dos pássaros o bando
Do céu descia prestes
a bebê-lo.
Examina este
vaso. N'um momento
Crê-se vê-lo a
voar, o movimento
D'asa
soltando, como aéreo ninho ...
Será verdade que este vaso voa
Ou porventura
à mente me atordoa
Seu capitoso
odor de antigo vinho?
VIII
Foi com esta
maçã d' oiro polido
Que as
ambições movendo de Atalanta,
Pôde Hipomenes
alcançá-la. E quanta
Vitória a essa
em tudo parecida!
Ao ideal
aspira! à estrela aspira! à vida
Aspira ó nada,
ó turba agonizante,
Ou chores
quando a terra alegre cante
— Ou cantes
quando a lágrima vertida
Desça-te à
boca. E bastaria, apenas,
Para galgar
essas regiões serenas,
A maçã de
Hipomenes, flébil, louro ...
E chegarás ao
ideal e à vida, O pomo
Áureo atirando
à própria estrela, como
Lá chega a
l,:!z - por uma escada de ouro.
XI
Do mar e das
espumas tu nasceste,
Ó forma ideal
de rodas as belezas,
lnda teu
corpo, mal vestindo-o, veste
Um colar de
marítimas turquesas.
Milhares
d'anos há que apareceste,
Outros
milhares d'almas-sempre acesas
No teu amor,
lá vão seguindo presas
Da rua garra
olímpica e celeste.
Beijo-te a
boca e sigo embevecido
Ondas sobre
ondas, pelo mar afora,
Louco,
arrastado qual os mais têm sido.
Ora te vendo
as formas nuas, ora
Toda nua e
sentir-te em meu ouvido
Do eterno som
dos beijos meus sonora.
Versos (1889)
Fonte:
Atividades na BEM:
A BEM oferece sempre a Hora do Conto, com a professora Lourilete, a querida tia Louri:
E além disso:
Estamos aguardando a sua visita!!!
Postado por: Erica Ribeiro Carneiro da Silva, bibliotecária subgerente da BEM Olaria/Ramos - João Ribeiro.